sábado, 31 de dezembro de 2011

JB Online: Tão mentiroso quanto seus "irmãos" impressos

Confira esse print da capa do JB Online de hoje:


O que você entende?


Um jornal (no caso, El Pais, apontou o Beltrame e "secretária" entre as 100 personalidades do ano.


Sem questionar a merecida indicação do sr. Beltrame (Secretário de Estado de Segurança do Rio de Janeiro), a "maldade" da notícia está em citar outra brasileira, a "secretária"...


Só mesmo lendo a notícia é que se percebe que a "secretária" nada mais é do que Maria do Rosário, petista histórica e atual SECRETÁRIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.


O cargo da maria do Rosário é, de longe, mais importante do que do Beltrame. Então, por que ignorá-la? Por que ela é do PT? Por que ela já foi candidata a presidente do PT? Por que ela é do primeiro escalão do Governo Dilma?


Pode ser...


Afinal o mesmo jornalão (graças a Deus fora das bancas) em sua enquete sobre o governo Dilma aponta que 59% dos seus leitores o consideram péssimo!


Imagine se não fôssemos a sexta economia mundial!!!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A incomensurável responsabilidade do PT na CPI das Privatizações Tucanas



O desabalado processo de privatizações vivido pelo Brasil nos anos 90 ressentiu-se, entre outros requisitos, da necessária transparência de um debate sereno e abrangente.

No atropelo que marcou uma agenda impulsionada por coalizão de interesses econômicos e ideológicos, então no auge do seu poder, a mídia conservadora cumpriu a função de silenciar as vozes e forças discordantes, asfixiando-as com o método conhecido da desqualificação.

O aparelho de Estado resultante de quase duas décadas de ditadura militar necessitava sem dúvida ser passado a limpo pela democracia, tendo sido desvirtuado como instrumento da sociedade e do desenvolvimento.



Ademais de sua blindagem repressiva, é indiscutível que muitas das empresas enredadas na engrenagem estatal nesse período serviam apenas de fachada para o assalto ao erário público, desservindo a população e desguarnecendo o país em áreas essenciais.

Não foi esse, porém, o critério da bocarra voraz que escolheu o quê e como seriam privatizadas, extintas ou fortalecidas as empresas formadoras do patrimônio público brasileiro.

O livro-dossiê do jornalista Amaury Jr., 'A Privataria Tucana', desvela um pedaço do apetite rapinoso que orientou boa parte do processo e dele se aproveitou. Antes e com rigor reconhecido até pelos seus críticos,o jornalista Aloysio Biondi já havia vasculhado outras dimensões e casos correlatos.

A nova relação de forças existente no país permite que a discussão esmagada nos anos 90 - e ainda vetada pela mídia conservadora, que silencia diante do livro citado - seja reaberta agora. Ao protocolar um pedido de CPI sobre o assunto, na última quarta-feira, dia 21, o deputado Protogenes Queiroz, destravou o ferrolho da porta do silêncio. É importante utilizá-la para arejar o tema com o ar fresco da seriedade que o passado negou.

A CPI que está sendo proposta não deve ser encarada como uma oportunidade de revanche contra personalidades arestosas da vida política nacional. O envolvimento de José Serra e o enriquecimento de seus familiares no intercurso com o afanoso processo é um ângulo. Ilustrativo, merecedor de esclarecimentos amplos,mas talvez não o mais importante. A reabertura da discussão hoje tem o mérito, entre outras coisas, de adicionar elementos à retificação da macroeconomia legitimada no processo de privatizações, e cujos efeitos deletérios ainda são determinantes na condução da agenda brasileira de desenvolvimento.




quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Como transformar mentiras sobre Dilma e Lula em verdades absolutas?


Setores reacionários não aceitam que um homem com a história pessoal e política de Lula continue gozando de tanto prestígio junto a maioria do povo brasileiro


A política brasileira é um manancial inesgotável de situações multifacetadas que levam as consciências mais ingênuas (no campo político) a conclusões equivocadas que, de tão repetidas com o auxílio dos mais articulados de má fé, acabam se tornando verdades absolutas.

O que se tem notado no governo Dilma é a mobilização concentrada de todas as forças ideológicas de direita, assim como daqueles inúmeros não estritamente ligados ao universo político-partidário, em torno do objetivo comum de descaracterizar os governos petistas de Lula e também este de Dilma Rousseff.


O mais interessante é que o cerco aos ministérios de Dilma possui mais de um viés. Maior do que a preocupação em mostrar que a corrupção se fortalece e prolifera na atual gestão, é debitar tudo isso à conivência de Lula no trato com os "mal-feitos" (termo que a presidenta gosta de usar) do Estado.

Mesmo fora do poder, a imagem de Luiz Inácio precisa ser empanada, pois não é aceitável que um homem com sua história pessoal e política continue gozando de tanto prestígio junto a maioria do povo brasileiro. E nessa empreitada, para eles gloriosa, porém, na verdade, inconsistente, estão até mesmo "enchendo a bola" de Dilma, taxando-a de caçadora dos ladrões que Lula nomeou e protegeu.

Ninguém se iluda: depois de Carlos Lupi a "limpeza" prosseguirá, e, ao se ver todos os dias o espetáculo nos órgãos de imprensa, cabe aos mais equilibrados se manterem firmes e não perderem o foco do que está, de fato, acontecendo, e que também manifestem as suas posições.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ficha Limpa aprovada para cargos estaduais

Os deputados Robson Leite (PT), Comte Bittencourt (PPS) e Luiz Paulo (PSDB) fizeram a diferença na ALERJ: apresentaram e conseguiram aprovar (por unanimidade na ALERJ) a Lei da Ficha Limpa para cargos executivos.

Além de demonstrar um poder de articulação muito bom, que ultrapassou as divergências partidárias e posicionamento frente o Governo Estadual.

Sonho com ações assim nas nossas Câmaras dos Vereadores...

domingo, 20 de novembro de 2011

A farsa dos royalties passará por teste definitivo

Vídeo da ANP mostra o vazamento no poço da Chevron


Fonte: Uol Notícias

O vazamento de petróleo em uma área de exploração da Chevron na Bacia de Campos completou dez dias com muitas informações desencontradas e nenhuma preocupação das autoridades em medir os impactos ambientais.

O ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc sobrevoou nesta sexta-feira o local exato do vazamento, a 120 quilômetros da costa, e diz ter visto 'borbulhas no mar', que indicariam que o problema ainda não foi solucionado. A petrolífera americana afirma que o volume despejado no oceano diminui bastante e, agora, trata-se apenas de 'gotejamentos ocasionais'.

Há divergência também sobre a extensão atual da mancha de óleo, que chegou a atingir 160 quilômetros quadrados. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) diz que a área afetada é de 12 quilômetros quadrados. A medição da Chevron indica 1,8 quilômetro quadrado. Minc avalia que a dimensão é 'muito maior' do que foi informado.

Pouco se falou dos danos causados ao meio ambiente. Um cruzamento do dados realizado pela ong Greenpeace mostra que o acidente pode afetar a vida de pelo menos seis espécies diferentes. As mais afetadas pela mancha são a jubarte, a cachalote e a piloto-de-nadadeiras-curtas. Baleias do tipo bryde, minke-anã e franca, porém, também correm o risco de nadar deencontro à mancha (ver mapa abaixo). “A Chevron terá de pagar pelos impactos causados no meio ambiente”, disse o ex-ministro.

Mancha de petróleo: presente da Chevron, do sr. George Bush

Causas - A petroleira evita falar das causas do acidente antes do final das investigações. Admite, no entanto, erro de cálculo na pressão. "Nós subestimamos a pressão no reservatório. Era mais alta do que esperávamos. O peso da lama foi programado para outra pressão", afirmou George Buck, presidente da Chevron Brasil, em uma entrevista que não pôde ser nem gravada e nem filmada. Ele também não soube explicar porque houve vazamento do óleo em um trecho específico da tubulação, conforme mostrou o vídeo divulgado pela ANP.

A Polícia federal apura a informação de que o poço foi perfurado em uma extensão 500 metros além do permitido. Sete funcionários da Chevron foram intimados a dar esclarecimentos na próxima semana, inclusive os engenheiros que trabalham na plataforma.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a Marinha do Brasil (MB), se juntaram para acompanhar as investigações do caso. Os órgãos dividiram as funções. Assim, a ANP será responsável por apurar as causas do acidente e fiscalizar a contenção do vazamento; o Ibama deverá avaliar as ações da empresa para minimizar os danos ao meio ambiente, e a Marinha olhará as condições de segurança marítima da plataforma, além de disponibilizar navios e helicópteros para o acompanhamento das atividades.

O poço com problemas está no campo de Frade, na Bacia de Campos. Sua capacidade de produção é de 75 mil barris de petróleo por dia, que lhe garante o posto de oitavo maior campo do Brasil. O empreendimento é controlado em sua maior parte pela Chevron, que detém 52% das ações. Mas Petrobras e o consórcio japonês Frade Japão, ficam em segundo e terceiro, com 30% e 18% de participação.

Histórico - O caso não é o primeiro incidente do gênero no Brasil. A história da indústria petroleira no Brasil guarda em sua história tragédias como a explosão da plataforma P-36, da Petrobras, em março de 2001, que deixou 11 mortos, e um duto que se rompeu na Baía da Guanabara e despejou 1,3 milhão de litros de petróleo em janeiro de 2000.

Se comparado ao vazamento ocorrido em uma plataforma da BP no Golfo do México, no ano passado, o caso do Campo de Frade é de pequenas proporções. "Mesmo assim é preocupante. Acidentes na cadeia de petróleo sempre causam impacto”, diz o ambientalista Carlos Bocuhy. Um detalhe que une os dois casos, porém, é que tanto BP quanto Chevron contrataram a mesma empresa terceirizada para a perfuração de poços, a Transocean.

Fonte: Portal Veja

Perguntas inconvenientes...

O que a Revista Veja - nem qualquer outro representante da "grande imprensa" - faz é o verdadeiro papel do jornalista: fazer perguntas incovenientes, para que sejam revelados os "fatos por trás dos fatos"...

1 - POR QUE a Chevron (Texaco, do George Bush) tem um poço no Brasil, se a Petrobras é a maior empresa petrolífera do mundo em águas profundas?

Quem sabe essa resposta é o senhor Fernando Henrique Cardoso e todos os seus colegas do PSDB e do DEM. Foi no "governo" dele que o monopólio foi quebrado e foram feitos esses chamados "acordos de risco" - o que trouxe para o Brasil "pérolas" como a Chevron (Texaco) e a BV (aquela do Golfo do México). Enquanto isso, no governo Lula, a Petrobras tornou-se a maior exploradora de petróleo estrangeira nos EUA. Que coisa, não?

2 - Por que a Chevron não utilizou os mesmos mecanismos de segurança que a Petrobras?
Além da Chevron - que corre o risco de perder o poço - a ANP deve saber a resposta. Afinal, essas "agências" frutos do neoliberalismo da era FHC servem para "fiscalizar" as operadoras. Mas, pelo jeito, a ANP é tão "eficiente" (quando se trata de defender os interesses nacionais) como a Aneel e a Anatel... Os consumidores que o digam!

3 - Depois de mais de 20 anos mamando os royalties, o que as Prefeituras e o Governo do Estado têm para combater essa ameaça?
E agora? O vazamento ocorreu e, cedo ou tarde, essa mancha vai chegar em Cabo Frio. Certamente os senhores Alair Correa e Marquinho têm resposta! Com o dinheirão dos royalties, eles criaram uma estrutura para combater esse desastre ambiental... a não ser que tenham gastado tudo e,m shows superfaturados, cargos-fantasmas e Secretarias Municipais com altos salários...

Certamente estão na mesma situação TODOS os prefeitos e ex-prefeitos que defendem os royalties - e até mesmo o sr. Cabral (que luta contra a injustiça...)

Passeata contra a "injustiça": todos as lideranças do Estado estavam lá...

Os governantes estão chamando toda a população a lutar contra a injustiça. Talvez valha à pena lutar, mas eles devem vir à público e declarar NO QUE FORAM GASTOS os bilhões que 20 anos de royalties renderam aos cofres das prefeituras e do Estado.

sábado, 19 de novembro de 2011

Imprensa intensifica esforços para varrer a Era Lula




O projeto, agora, é varrer a “era Lula”, preferentemente destruindo o político Lula, ainda que seja ao preço de destruir a democracia, para poder destruir o que ele representa



O ponto de partida dessas reflexões é uma obviedade: a crise dos partidos, que no Brasil não é maior nem menor do que a crise dos partidos europeus e norte-americanos. No velho e exausto continente desapareceu a esquerda socialista e os socialdemocratas se confundem com os conservadores, e todos se afundamde braços dados na crise do capitalismo. Nos EUA, o bipartidarismo tacanho é construtor de impasses institucionais, de que é exemplo a negociação do teto da dívida. Em nosso país reproduz-se o esgarçamento ideológico dos partidos de esquerda e é crescente a distância entre a vontade do eleitor e o titular do mandato, construindo a falência do sistema representativo, de que a desmoralização do Legislativo e da vida parlamentar é exemplo acachapante. Ainda no caso brasileiro, talvez nos separando da crise europeia, identificamos perigoso desdobramento, a saber, a desconstituição da política, com a desmoralização do seu fazer e o anúncio de sua desnecessidade.

Leia também:

Tira-se a política da vida democrática, fica o quê?

Tiram-se os partidos do processo político, fica o que?

Tirem-se os políticos da política, ficará o quê?

Ainda que a expressão golpe sugira putsch, ação rápida, virada de mesa, os golpes-de-Estado são longamente preparados. A implantação do Estado Novo foi gestada já nas entranhas do governo constitucional de 1934; o golpe militar que culminou com o suicídio de Vargas e a posse de Café Filho, aserviço da UDN e dos militares, foi longamente preparado pela grande imprensa que também preparou a opinião pública para o golpe de 1964 que, na caserna, começou a ser tramado pelo Gal. Denis (cf. suas memórias) no dia imediato da posse de João Goulart.

De comum, na retórica dos golpistas, a denúncia da corrupção, não como fenômeno em si, mas como doença sistêmica do Estado e, agora, manipulada pelos partidos que ousam ocupar os cargos para os quais seus representantes foram eleitos pela vontade da soberania popular. Foi igualmente o combate à corrupção que construiu Jânio Quadros (“varre-varre vassourinha, a sujeira desse país”) e Fernando Collor (o ‘caçador de marajás’), com os resultados conhecidos.

Vargas, homem probo, era acusado por Carlos Lacerda de governar sentado sobre um “mar de lama”, que se revelou igual às ‘armas de destruição em massa’ de Saddam.

Não afirmo que esteja em gestação um golpe-de-Estado (como realmente esteve em 2005), mas digo que estão sendo criadas as condições subjetivas que amanhã poderão tornar palatável um ataque ao sistema democrático, como consequência natural da perseguida desmoralização dos políticos, dos partidos, da democracia, da política e do Poder Legislativo.

A quem interessa essa desmoralização da vida pública, afastando o cidadão da política, ao convencê-lo de que a corrupção é elemento intrínseco ao fazer político?

Pode o sistema democrático-representativo conviver com a demonização dos partidos?

Quando a imprensa reduz todos os problemas do país à corrupção, e a apresenta como intrínseca à política – ameaçando a continuidade do processo democrático –, ela está igualmente interditando o debate sobre as questões centrais do país: a desfuncionalidade do regime capitalista.

No Brasil, a crise dos partidos atinge indistintamente esquerda e direita. A esquerda renuncia ao papel finalístico de crítica ao regime econômico, a direita ora se esconde sob o disfarce da socialdemocracia, ora se transforma em porta-voz de uma imprensa sem compromissos com a democracia e os interesses nacionais. É esta imprensa, todavia, que pauta a vida política nacional.

No Brasil, ao invés de os partidos possuírem meios de comunicação ou de utilizá-los em seu processo de vida, isto é, na batalha ideológica, é a imprensa que possui partidos e nessa condição dita-lhes metas, temas, ações e conspirações. Dessa forma a chamada “grande imprensa” articula a oposição. A mesma imprensa que participou das operações de desestabilização do governo Vargas e da preparação do golpe de 1964, por ela sustentado, é a mesma que não consegue assimilar a emergência social e política das parcelas menos aquinhoadas da população. Para essa imprensa preconceituosa, é insuportável as ruas cheias de carros dirigidos por pobres e pobres superlotando os aeroportos. E mais: é insuportável que seja essa gente, a gente do povo, quem esteja decidindo as eleições no Brasil.

Fernando Henrique Cardoso, em um de seus inumeráveis momentos de excepcional infelicidade, anunciou o fim da “era Vargas”, prometendo realizar o que os militares não haviam logrado em 20 anos de ditadura. Também não conseguiu. Mas a direita é renitente. O projeto, agora, é varrer a “era Lula”, preferentemente destruindo o político Lula, ainda que seja ao preço de destruir a democracia, para poder destruir o que ele representa, e representou a frustrada experiência de João Goulart, donde a sentença de morte executada no dia 1º de abril de 1964: a emergência das massas.

Mas, lamentavelmente, não é só isso, pois é inesgotável o poço de preconceitos de nossas elites.

A Presidência da República foi sempre um posto reservado “aos mais iguais”, os marechais, os generais, os grandes fazendeiros ou seus representantes, os doutores. Mas eis que uma disfunção sistêmica permite a eleição de um outsider: um operário, um líder sindical, de sobrenome Silva, sem passagem pela academia, expulso pela seca do rincão mais profundo e pobre do sertão nordestino. E…escandalizam-se os repórteres, um monoglota. Esse intruso, além de eleger-se, se reelege, e, suprema humilhação, elege sua sucessora. Nada obstante toda a resistência que provoca, Lula pode retornar ao poder – este o grande temor da direita brasileira –, se não fisicamente, muito provavelmente mediante um governo que seja a continuidade do seu.

Nesse ponto se dão as mãos o reacionarismo da grande imprensa e a degenerescência cultural de grande parte da classe-média brasileira: ambas desprezam o povo, nosso povo, o homem comum das ruas, mestiço, trabalhador, a quem negam as qualidades de pioneiro e construtor. Por isso, a elite brasileira quer ser branca, fisicamente europeia e culturalmente norte-americana; depois de sonhar com Londres e Paris, construiu como meta de vida passear na Disneylândia. Para essa elite, para essa classe-média, para essa imprensa é insuportável a vitória do homem do povo, de um “Zé da Silva”. Pois foi um Silva, nordestino (ainda mais um nordestino!) expulso de sua terra pela inclemência do clima, que consertou o Brasil e refez a obra, a desastrada obra de desconstituição do País, encetada pelo “príncipe” dos sociólogos brasileiros, professor titular da orgulhosa USP.

É preciso, pois, demolir um sistema político que permite a eleição de um Lula.

O ponto de partida é a destruição da política, depois da desmoralização dos políticos e dos partidos. Como sabemos que é impossível sustentar uma democracia sem políticos e sem partidos políticos…

Esta operação está em curso.

Nem mesmo os néscios de carteirinha supõem que a atual campanha da grande imprensa tem por objeto a defesa dos interesses de nosso povo ou de nosso país. Senão a desmoralização da política.

No Brasil, a liberdade de imprensa, que precisa ser a mais ampla possível, limita-se à liberdade, sem responsabilidade, das grandes empresas de comunicação, que expressam o pensamento único, não apenas em seus editoriais (que ninguém lê), mas agora quase principalmente no noticiário, seja nacional seja internacional (repertório das grandes agências), nas reportagens e no pensamento de seus colunistas e colaboradores. Estes são escolhidos ou por partilharem do pensamento patrão, ou por a ele se haverem adaptado para serem colunistas. E nesta hipótese, serviçais, procuram ser mais realistas do que o próprio rei.

Não sejamos injustos, porém, atribuindo esse discurso único e a cantilena reacionária exclusivamente ao mando dos interesses do baronato da grande imprensa: ela é alimentada, cevada, por uma geração de jornalistas e repórteres fiel a essa forma unilateral de ver o mundo. Para essa gente a defesa dos interesses do país é um arcaísmo, a especulação financeira um sinal de modernismo, a concentração de renda o caminho do desenvolvimento, a política, um entrave, a democracia, um “detalhe”.

Um de seus subprodutos é o denuncismo gratuito, irresponsável, a acusação que primeiro se faz, para depois perquirir a prova. O denunciado é condenado já pela simples denúncia, sem possibilidade de reparação pública. Se amanhã a acusação não se comprova, azar.

Nos recentes tempos da recente ditadura seus opositores eram, primeiro demitidos, presos, torturados e muitas vezes “desaparecidos”, para depois serem processados e em alguns casos até “absolvidos”. Vencido o terrorismo militar, os políticos são expostos à execração da opinião pública, eviscerados em sua intimidade política, e ao fim destruídos eleitoralmente, depois de assassinados moralmente, culpados ou não. A regra é a mesma: primeiro a pena, depois o julgamento.

Se, por um lado, é plenamente respeitada e garantida a liberdade de imprensa, por qualquer de seus meios, falta ao povo a liberdade de informação ou o direito à informação isenta. Faltam-nos meios de obter outras visões da mesma realidade, de uma análise crítica das questões nacionais e internacionais, e qualquer tentativa de alterar o lamentável quadro vigente é, de forma alarmante, noticiada pelas empresas de comunicação como ameaça à liberdade de imprensa.

Leia mais:

Ainda sob os efeitos das vitórias de Lula, alcançadas sob o tiroteio implacável de uma imprensa unanimemente opositora, os partidos de esquerda tendem a subestimar o papel ideologicamente corrosivo exercido pela grande imprensa – rádios AM, televisão, jornais e revistas — exercem sobre as cabeças e mentes dos brasileiros.