sábado, 5 de setembro de 2009

Pedagogia da burrice

Bem que eu tentei arranjar um título menos agressivo, mas não deu. Pensei em “Análise dos investimentos em educação e possíveis causas de índices tão baixos”, mas ficou tecnicista, pedante e mentiroso – eu não vou analisar nada, só traçar um comentário. Mudei para “Como fazer limonada sem limões”, mas ficou jocoso demais. E o assunto é sério. Daí sobrou a burrice com que os governantes tratam a educação pública.

A verdade é que os grandes pensadores que sempre governaram esta nação descobriram que a Educação vai mal. Foi apenas na década de 80 que a lei obrigou o Estado a destinar verbas específicas para o ensino. Logo após surgiram algumas mudanças que iriam melhorar a qualidade de nossas escolas: Aumentaram os dias letivos de 180 para 200, melhoraram a distribuição de merenda escolar, surgiu a gratuidade nos transportes coletivos para estudantes e a famigerada “promoção automática” (que a bem da verdade, não promove ninguém e nem é automática...) Depois, durante o governo Fernando Henrique (o “professor”), inciou-se um processo de distribuição de verbas para estados, municípios e escolas (FUNDEF e PDDE) e a criação de conselhos que fiscalizariam o uso dessas verbas. Investiu-se muito nos prédios, nos alunos, em tudo. No entanto o resultado continuou ruim. Por quê?

O que mais é necessário para a educação? Merenda? Já temos! Verbas? Já temos! Livros? Já temos! Alunos? Temos muitos! Computadores? Internet? No Rio temos até laptops e vamos ter aparelhos condicionadores de ar (que ficarão desligados por causa da Gripe A), cartão magnético, sistema informatizado disso, daquilo e daquilo outro. Temos a água, o gelo e o açúcar para nossa limonada. O que falta?

Ah, faltam os limões! Como andam os professores? Mal. Desanimados, ganhando pouco e cada vez mais desvalorizados. Fernando Henrique (o “professor”), do alto de sua sapiência, chegou a dizer que só era professor aquele que não sabia fazer nada mais! Refletindo essa pérola presidencial, nesses trinta anos, além da decadência financeira do Magistério, houve sua decadência acadêmica: as faculdades particulares subtraíram um ano dos cursos de Licenciatura e cortaram várias matérias.

Somente no Governo Lula a coisa deu um ar de melhora. Um ar muito rarefeito, diga-se de passagem. Mas temos aí a Universidade Aberta do Brasil, o ProUni e o Piso Nacional do Magistério. Esse Piso, apesar de pouco (R$ 900,00 por 40 horas de trabalho) e em suaves prestações (os Governos têm até 2010 para se adequar), foi o alvo do ataque dos governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul: alegaram não poder pagá-lo(!). Será que esses estados são pobrezinhos ou a posição dos governadores tem alguma coisa a ver com o fato de serem filiados ao PSDB?

A verdade é que não se faz limonada sem limões. E não se melhora a educação sem professores motivados e bem preparados. E tudo isso vai depender da cabeça dos governantes. Eu ainda prefiro um metalúrgico que chora ao ser diplomado Presidente (foi o primeiro diploma dele!) do que um PhD que desvaloriza sua própria categoria.

Por fim, para todos os que acham possível melhorar a Educação sem mudar a situação dos professores, aí vai um conselho bíblico: “Não sejais como o cavalo ou como a mula, que não tem entendimento” (Salmos 32:9a).

Publicado no Jornal O Completo

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