Uma criança de 10 anos atirou na professora e se matou.
A cobertura na imprensa não foi tão grande... o que faltou? Quem sabe se o fato fosse no Rio de Janeiro (e não em São Caetano - SP) ... ou se ocorresse em uma escola de classe média (e não em uma simples escola municipal)... ou se o seu pai fosse empresário, jogador de futebol e artista (e não um guarda municipal)... Se pelo menos o menino fosse um rapazinho que estivesse despertando sua homossexualidade... ou se a professora fosse conhecida por humilhar seus alunos.
Mas, os envolvidos eram gente comum, sem nada especial.
Uma criança de 10 anos atirou na professora...
O fato é que esse menino chegou a avisar a um colega que iria atirar na professora e se matar. E nada foi feito. O fato também é que ele não era traficante - nem policial. Era apenas uma criança de 10 anos que estava sofrendo.
E ninguém percebeu seu sofrimento.
Uma criança de 10 anos...
Uma criança de 10 anos estava sofrendo muito e teve - à sua disposição - uma arma de fogo, plenamente legalizada e guardada em local seguro (segundo o pai). Com exceção dos pais e da professora, logo o fato cairá no esquecimento.
Mas o menino não fará 11 anos.
Uma criança...
Que Deus perdoe a nós todos, o povo brasileiro, por termos caído no "conto do vigário (e do pastor)" e não aceitarmos o desarmarmento, em 2003...
Que Deus perdoe os líderes políticos e religiosos que, na ânsia de atacar o então presidente Lula, levaram seus seguidores a votar NÃO AO DESARMAMENTO...
Que Deus perdoe nossos deputados e senadores que, por covardia ou por "convencimento" vindo dos comerciantes de armas, se omitiram e criaram um plebiscito - quando bastava uma lei: "nesse país estão proibidas todas as armas; somente militares e policiais poderão andar armados, para defesa da nação e do seu povo"
Que Deus perdoe o nosso Brasil e não nos impute mais esse pecado.
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